A ONU comemora 75 anos da primeira sessão da Assembleia Geral e aposta na juventude

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NOVA IORQUE

Silas Avila Jr, Correspondente Internacional nas ONU em Nova Iorque
Editor Internacional do A VOZ DA CIDADE

O Secretario Geral da ONU, António Guterres, compareceu hoje, dia 10, a uma celebração virtual para marcar o 75º aniversário da primeira sessão da Assembleia Geral da ONU que aconteceu no Hall Central de Londres, em Westminster. O evento integra uma visita virtual do Secretario Geral ao Reino Unido, que ocorreu no domingo, dia 10, e segue nesta segunda-feira, dia 11.

Com um ato comemorativo intitulado “We the Peoples”, ou Nós os Povos, António Guterres participa de debates interativos e realiza reuniões virtuais com membros do governo incluindo o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Em 1946, 51 países estiveram na primeira sessão da Assembleia Geral das nações unidas em Londres, o Brasil foi o único país presente de língua portuguesa como membro fundador da organização.

Da sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres falou a jovens e autoridades sobre a importância da recuperação da pandemia na criação de um mundo mais justo e saudável para todos.  António Guterres prestou um tributo ao segundo funcionário contratado pela ONU, o britânico Brian Urquhart, que morreu em 2 de janeiro adeste ano os 101 anos de idade, e que  ajudou a organizar a primeira sessão da Assembleia Geral, em 1946.

Ao se dirigir aos jovens, Guterres lembrou que a organização foi criada logo após a Segunda Guerra Mundial. Ele citou os anos de “sofrimento sem precedentes” impostos ao mundo e aos judeus na Europa que enfrentavam o extermínio enquanto Londres era bombardeada e o Parlamento britânico atacado, em agosto de 1941.

Guterres lembrou como o primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt, se uniram para executar o que ele chamou de uma “visão única para as gerações do pós-guerra”. Os compromissos assumidos nesta união, conhecida como Carta do Atlântico, estabeleceram as bases de uma ordem para um mundo mais justo, baseada nos direitos das pessoas de escolher suas formas de governo, e na cooperação dos direitos humanos e do Estado de direito.

A declaração da Assembleia concedendo independência a povos coloniais em 1960 foi um marco no direito à autodeterminação. Desde a criação da ONU, mais de 80 ex-colônias se tornaram independentes. No ano passado, a ONU esteve na linha de frente do combate à Covid-19 através da OMS (Organização Mundial da Saúd) que liderou a resposta global coordenando o fornecimento de equipamento de proteção, treinamento e serviços de saúde.

António Guterres destacou, que mesmo orgulhosos de todas as conquistas, o mundo está ciente das falhas. A emergência climática tem recebido uma resposta “totalmente inadequada”. A década passada foi a mais quente da história. E os níveis das emissões de dióxido de carbono, CO2, batem todos os recordes. Ele citou exemplos como incêndios florestais, ciclones e furacões que estão se tornando normais. Para o Secretario Geral, sem mudança, o mundo irá atingir um aumento da temperatura na casa de 3 graus Celsius ainda neste século.

Ao falar da biodiversidade, ele lembrou que 1  milhão de espécies estão sob risco de extinção e ecossistemas inteiros desaparecem a vista de todos. Para ele, trata-se de uma “guerra contra a natureza”, onde todos perdem.

Ao falar das guerras convencionais, ele disse que elas estão cada vez mais difíceis de resolver. As tensões geopolíticas aumentam e a ameaça de um confronto e proliferação nuclear voltou a ser uma realidade.

O número de pessoas com fome também subiu e assim como o dos que caíram na extrema pobreza, pela primeira vez, em décadas. Com relação às tecnologias transformadoras, o secretário-geral afirma que elas abriram novas e vastas oportunidades, mas também ameaças. Desde a guerra cibernética até à desinformação com o discurso de ódio e à subversão política, além da vigilância em massa.

Uma das preocupações atuais, é com o “nacionalismo de vacinas”, quando alguns países ricos competem para comprar a imunização para o seu povo sem levar em conta os mais pobres no mundo que não têm os recursos.

Guterres agradeceu ao governo britânico por apoiar o mecanismo Covax de vacinas, da OMS, que na semana passada fechou um acordo para comprar de 2 bilhões de doses de vacina para levar aos países de rendas baixa e média.

O secretário-geral lamentou o impacto que a pandemia teve sobre os mais pobres, mais velhos, crianças, pessoas com deficiência e minorias de todos os tipos. Ele contou que mais 88 milhões de pessoas foram lançadas na pobreza desde o surgimento da Covid-19, em dezembro de 2019, em Wuhan, na China. E mais de 270 milhões de pessoas estão sob risco de insegurança alimentar.

A primeira sessão da Assembleia Geral da ONU aconteceu em 10 Janeiro de 1946 em Londres – ONU/Marcel Bolomey

ONU revitalizada

75 anos após a fundação da organização, a Assembleia Geral permanece sendo o fórum global no qual todos os países têm voz. Neste momento, em que o mundo e a ONU  olharam para o futuro, António Guterres afirma que a prioridade é a ação climática seguida de uma ação para proteger os direitos humanos, enfrentar conflitos e corrupção, promover a sustentabilidade a o crescimento inclusivo, além de criar empregos.

Para ele, o mundo está lidando com desafios sem precedentes, mas existem razões para otimismo; Pessoas em todo o globo compreendem que os problemas de hoje exigem novas formas de abordagem, baseadas em valores e princípios comuns.

Ao afirmar que o mundo vive um momento parecido com o de 1945, o Secretario Geral ressaltou que o ano não é o mesmo. Em 2021, a guerra é contra um vírus microscópico. E amanhã, poderá ser contra terroristas no espaço cibernético.  Mas para ele, o mundo continua perdendo a batalha longa contra a mudança climática. Guterres diz que o conflito não é mais resolvido por poder militar e econômico somente, e que o poder não é mais somente reserva de Estados.

Para ele, hoje são os jovens que estão demonstrando coragem e pedindo coragem ao resto do mundo. Ele diz apoiar esses jovens que dão esperança a ele.

Segundo Guterres, a juventude pode mudar o mundo e já o faz. O Secretario Geral não tem dúvida de que o momento é de mudança, de ativistas de base, de jovens e da sociedade civil, e de negócios, cidades, regiões e governos na Assembleia Geral da ONU.

Para ele, o mundo pode emergir da Covid-19 como um planeta mais seguro, mais limpo e mais justo para todos.

Cinco jornalistas brasileiros visitaram a sede das Nações Unidas, como parte de sua viagem aos Estados Unidos organizada pelo Departamento de Estado dos EUA – FOTO UN/Yutaka Nagata

Foto – A Voz da Cidade / Peter B Avila – 74º Assembleia Geral 2019

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