Recentemente, o episódio envolvendo uma criança que insistia em sentar na janela do avião reacendeu debates sobre a dificuldade de estabelecer limites e ensinar as crianças a lidarem com a frustração. Esse caso vai além de uma simples preferência por um assento; ele escancara um desafio cotidiano enfrentado por muitas famílias: o papel do “não” na educação.
O “não” no momento certo ensina que nem sempre desejos podem serão atendidos imediatamente e que a empatia e a compreensão do espaço do outro são fundamentais. No caso do avião, a frustração da criança por não sentar na janela poderia ter sido uma oportunidade para que ela aprendesse sobre regras (os assentos são marcados), respeito aos outros (as pessoas têm direitos sobre o que compraram) e resiliência (lidar com a frustração de forma saudável).
Vale o velho o bom senso!! Fazer uma análise real dos acontecimentos e entender qual postura tomar requer de pais e cuidadores, raciocínio, atos pensados e controle das emoções.
Para os pais, é desafiador dizer “não”, especialmente em público, onde há o temor de julgamentos externos. Muitos cedem, pensando ser um gesto de amor. Contudo, o verdadeiro amor está em preparar as crianças para um mundo que nem sempre as colocará no lugar desejado. Ensinar limites não é impor sofrimento, mas construir autonomia emocional e respeito mútuo.
Dizer “não” e mantê-lo firme, mesmo diante do choro ou da birra, é um ato de coragem e de compromisso com a formação da criança. Por outro lado, ceder constantemente pode levar ao desenvolvimento de comportamentos egocêntricos e à incapacidade de tolerar frustrações maiores na vida. O resultado? Jovens e adultos incapazes de negociar, aceitar críticas ou lidar com situações adversas.
O episódio do avião é um lembrete de que criar filhos é, em parte, ajudá-los a navegar pela vida, entendendo que nem sempre conseguirão tudo o que querem. O limite imposto hoje pode ser o alicerce para que, no futuro, eles saibam como conquistar seus espaços, respeitando os dos outros. O “não” dito com amor é um presente: ele ensina que a felicidade não depende apenas de sentar-se na janela, mas de saber apreciar a jornada, seja qual for o assento.
Vamos juntos!!
Marcele Campos
Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver