RIO DE JANEIRO
O estado do Rio registra uma média de 15 pessoas desaparecidas por dia, segundo dados da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Algumas são encontradas, outras jamais voltam para casa. A dor de famílias que viram entes queridos sumirem, sem maiores explicações.
A secretária estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Cristina Quaresma, disse que é importante falar sobre o assunto dos desaparecidos, buscando uma maior divulgação para o assunto. “Através desta coordenadoria criada pelo governador [Wilson Witzel] há dois meses, nós vamos facilitar a vida dessas pessoas. É um número que choca, altíssimo, uma média de 15 casos por dia”, disse a secretária.
A Coordenadoria de Desaparecidos fica junto à sede da secretaria, no prédio da Central do Brasil. O estado também possui, desde 2014, a Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA), localizada na Cidade da Polícia, que atende nos telefones (21) 2202-0337 e 2202-0338.
CASOS
Uma característica comum entre pais e mães de desaparecidos é falar dos filhos no tempo presente, com a esperança – e até a certeza – de eles que vão regressar, em algum momento, vindos de algum lugar, mesmo quando se passaram mais de dez anos.
“A minha vida tem sido de busca, pois viramos detetives, porque somos nós que temos de procurar. O caso já está arquivado. A minha filha até hoje nada. Ela está com 22 anos. Tenho certeza que ela está viva. Coração de mãe não falha”, disse Rogéria Alves da Cruz, mãe de Vitória, que sumiu em 2009, aos 11 de idade, quando ia para a casa de uma amiga em Irajá, próximo de onde morava.
Outro caso muito comentado à época foi o sumiço de Priscila Belfort, irmã do lutador de MMA Vitor Belfort. Ela desapareceu em 9 de janeiro de 2004, no centro do Rio, aos 29 anos, quando saiu para um almoço. Nunca foi pedido resgate e até hoje a família não sabe o que aconteceu. Para Jovita Belfort, mãe de Priscila e titular da recém-criada Coordenadoria de Desaparecidos, o desaparecimento, ao contrário da morte, é um ciclo que não termina. “É um luto que não acaba. Há 15 anos eu enterro a minha filha todos os dias”, disse ela, em meio a outras mães de desaparecidos.