Festival Vale do Café evidencia turismo como afeto, memória e regeneração

Evento que completa 20 anos reaquece a economia criativa do interior fluminense e propõe uma nova forma de consumir cultura, conectando música, território e memória afetiva

Por Roze Martins
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MÉDIO PARAÍBA

Degustar um café artesanal à sombra de uma fazenda centenária enquanto se escuta um concerto de violão solo ou se encanta com rodas de choro ao pôr do sol. Essa poderia ser apenas uma descrição poética de um roteiro turístico, mas é o que centenas de visitantes irão vivenciar a partir de hoje, com o início da 20ª edição do Festival Vale do Café, que movimenta cidades do Sul Fluminense até o próximo dia 27.

Mas por trás da música e dos sabores, há um movimento mais profundo: a tentativa de reconstruir vínculos com o território e reencantar o turismo de interior com experiências reais, de pertencimento. Para a especialista em turismo Santuza Macedo, CEO da Diamond Viagens, o festival é uma das mais sólidas expressões de como o turismo cultural pode ir além do entretenimento.

“O Vale do Café é mais que um cenário bonito. É um convite à escuta. Quando a música ecoa dentro das fazendas, ela faz vibrar uma memória coletiva. O festival dá uma nova função a espaços antes marcados por outras histórias. Isso tem valor simbólico e impacto econômico”, afirma.

O que o público pode esperar

Com concertos em cidades como Vassouras, Valença, Barra do Piraí e Rio das Flores, o evento se espalha por fazendas históricas, igrejas e praças, unindo o erudito ao popular, o clássico ao regional. A programação vai de homenagens ao violonista Turíbio Santos a apresentações de choro e sanfona, passando por aulas abertas, cafés culturais, exposições e degustações de produtos locais.

Com exceção dos concertos realizados dentro das fazendas, todas as demais atividades são gratuitas. “É um festival que rompe a lógica do elitismo e traz a cultura para o cotidiano das cidades. As famílias circulam, os alunos se apresentam ao lado dos mestres, o produtor rural vê seu queijo ou sua cachaça valorizados por um novo público. É o ciclo completo do turismo regenerativo”, avalia Santuza.

Afinal, o que movimenta o turismo hoje?

A especialista aponta que o perfil do turista mudou — e o Vale do Café soube acompanhar essa mudança. “Hoje, as pessoas viajam não só para descansar, mas para sentir. Querem conexões autênticas, querem histórias. O que antes era uma viagem de fim de semana agora é uma imersão sensorial, que envolve arquitetura, gastronomia, ancestralidade e arte”, explica.

Essa transição tem impactos diretos na economia local. De acordo com levantamento da organização do festival, a edição passada gerou mais de 500 empregos temporários e injetou cerca de R$ 4 milhões na cadeia produtiva da região.

A força do interior como destino

Para além dos dados, há um movimento simbólico em curso. A região do Vale do Café, marcada historicamente por seu papel no Brasil Império, vem ganhando protagonismo como território de reconstrução afetiva. “O festival ajuda a ressignificar espaços que estavam cristalizados no tempo.

É a música como ponte entre o passado e o futuro”, pontua Santuza.

Segundo ela, eventos como esse mostram que o turismo precisa ser mais do que belas paisagens. “É sobre como nos relacionamos com os lugares, como consumimos cultura e como respeitamos o que já existia antes da nossa chegada. O viajante de hoje quer isso: experiência com responsabilidade”, conclui.

Confira a programação

Sexta-feira (18)

Fazenda Florença – Conservatória

Felipe Naim – Concerto de Piano

  • 14h às 15h – Visitação
  • 15h às 15h45 – Lanche
  • 16h – Concerto

Sábado (19)

Fazenda das Palmas – Engenheiro Paulo de Frontin

Angélica de da Riva, part. especial Max Barros no piano – Guerra & Paz

  • 09h30 às 11h – Lanche e Visitação
  • 11h – Concerto
  • 12h às 13h – Visitação

Fazenda São Fernando – Vassouras

Zé Paulo Becker Grupo – Choro y Salsa

  • 15h30 às 17h – Visitação
  • 17h – Concerto
  • 18h às 19h – Lanche

Domingo (20)

Casarão Unifoa da Fazenda Três Poços – Volta Redonda

Choro Nota Dez – Entre o Choro e o Afro-Samba: Homenagem a Baden Powell

  • 9h30 às 10h45 – Visitação
  • 11h – Concerto
  • 12h – Lanche

 

Sexta-feira (25)

Fazenda União – Rio das Flores

Edigar Nio Trio, part. especial Yumi Park – Entre a Bossa e o Tango

  • 15h às 16h – Lanche
  • 16h – Concerto
  • 17h – Visitação

Sábado (26)

Fazenda Ponte Alta – Barra do Piraí

Léo Gandelman convida Eduardo Farias – Música de Fronteira

  • 09h às 10h – Visitação
  • 10h às 11h – Lanche
  • 11h – Concerto

Fazenda Alliança – Barra do Piraí

José Staneck, Ricardo Santoro e Marina Spoladore – Viva a Ópera

  • 14h30 às 15h30 – Visitação ao Caminho do Café
  • 15h às 16h – Lanche
  • 16h – Concerto

Domingo (27)

Fazenda Monte Alegre – Paty de Alferes

Marcel Powell convida Nilze Carvalho – Musicalidade Negra

  • 09h30 às 10h45 – Visitação
  • 11h – Concerto
  • 12h – Lanche

 

Concerto gratuito

 

Sexta-feira (18)

  • Gafieirando – O Show
  • 20h30 – Praça Irineu Mendonça, Ipiabas – Barra do Piraí

Sábado (19)

  • Roda de Choro – Tributo a Turíbio Santos
  • 19h – Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição – Vassouras

Domingo (20)

  • Orquestra Sanfônica – Sanfonas do Brasil
  • 15h – Praça Teixeira Campos, Pinheiral

Segunda-feira (21)

  • Coro Juvenil- Programa Aprendiz Musical
  • 18h – Centro Cultural Cazuza, Vassouras

Terça-feira (22)

  • Café Cultural
  • 18h – Centro Cultural Cazuza, Vassour

Quarta-feira (23)

  • Café Cultural
  • 18h – Centro Cultural Cazuza, Vassouras

Quinta-feira (24)

  • Café Cultural
  • 18h – Centro Cultural Cazuza, Vassouras
  • Cristina Braga
  • 20h – Catedral de Nossa Senhora da Glória, Valença
  • Braga Priscila Rato e Marcelo Caldi – Música Brasileira
  • 20h – Igreja Matriz Sant’Anna, Piraí

Sexta-feira (25)

  • Concerto de professores e alunos
  • 10h – Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição, Vassouras
  • Ulisses Rocha Trio – Tributo a Milton Nascimento
  • 19h – Centro Cultural do Café, Rio das Flores

Sábado (26)

  • Kiko Horta Trio – Sanfona Faz a Festa
  • 19h – Estação Ferroviária, Eng. Paulo de Frontin

 

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