O Natal, tradicionalmente associado a troca de presentes, muitas vezes perde seu significado mais profundo quando priorizamos o material em detrimento do emocional.
Do ponto de vista neuropsicológico, o impacto de experiências significativas na construção de memórias e vínculos é inegável, especialmente em crianças e adolescentes.
Estudos demonstram que o cérebro humano atribui maior valor a experiências emocionais do que a bens materiais.
Momentos de conexão verdadeira, como conversas profundas, brincadeiras em família e a prática da escuta ativa, estimulam áreas cerebrais relacionadas à empatia, um fenômeno complexo que envolve diversas regiões do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal, a amígdala e os neurônios-espelho, e reforçam a produção de ocitocina, o hormônio associado ao vínculo e ao bem-estar.
Por outro lado, o excesso de foco em presentes pode ativar circuitos relacionados à recompensa imediata, como o sistema dopaminérgico, mas raramente promove satisfação duradoura. A busca constante por novidades, muitas vezes incentivada pelo consumismo natalino, cria um ciclo de expectativas que não sustenta vínculos emocionais profundos.
Valorizar a presença no Natal significa promover momentos que realmente alimentam a memória afetiva.
Reunir a família para um jantar compartilhado, ouvir histórias dos mais velhos ou realizar atividades simples, como preparar uma receita juntos, são práticas que ressoam de forma duradoura no cérebro. Além disso, crianças que crescem em lares onde a convivência é valorizada desenvolvem maior resiliência emocional, habilidades sociais mais sólidas e um senso de pertencimento mais profundo.
Neste Natal ou nos próximos natais, ao invés de você se perder na busca por “coisas”, que tal investir em algo mais valioso e insubstituível? A nossa presença. É ela que deixará marcas na memória daqueles que amamos e construirá o verdadeiro espírito natalino: o da conexão humana e do amor ao próximo.
Vamos juntos!!
Marcele Campos
Psicóloga especialista em Neuropsicologia (avaliação e reabilitação) e análise do comportamento aplicada ao autismo, atrasos de desenvolvimento intelectual e linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver.