Joana foi diagnosticada com dislexia aos 9 anos; Mara, com TDAH aos 6. Ambos estão no sexto ano e foram encaminhados pelo pediatra para o psicólogo devido à ansiedade. Nos dias de prova, elas travam e muitas vezes sentem sintomas físicos, como taquicardia, suor e tremor, além do famoso “branco”. A professora de reforço de Joana diz que ela sabe as respostas e acerta as atividades com o apoio de um ledor e enunciados objetivos, mas, na prova, tirou zero.
Joana chegou chorando em casa, pois foi chamada de “lenta” por um colega durante a leitura de um texto na sala de aula. Ela também evita apresentar trabalhos em grupo por medo de que os amigos riam dela.
Poderia ser o enredo de uma história fictícia, mas essa é uma realidade que vejo nos atendimentos e no relato de pais e mães preocupados com o desempenho e o emocional de seus filhos. Hoje, quero chamar atenção para um sofrimento silencioso, mas corriqueiro: crianças com transtornos de aprendizagem podem desenvolver ansiedade e problemas relacionados à autoestima. Dependendo de como são tratadas no ambiente escolar e familiar, podem desenvolver alterações emocionais que pioram ainda mais seu desempenho escolar e social.
Esse problema é silencioso e pouco falado, mas é real. Neste mês, estamos falando sobre TDAH e dislexia, e quero deixar aqui 5 pontos de atenção para você, que é pai ou mãe de uma criança com dificuldade de aprendizagem, para ajudá-la a se desenvolver, minimizando os impactos gerados pela falta de informação e inclusão.
Apoio Emocional e Acolhimento: É fundamental que a criança se sinta compreendida e ouvida. Práticas de escuta ativa, validação dos sentimentos e reforço positivo ajudam a criar um ambiente de confiança. Ao oferecer suporte emocional consistente, a criança desenvolve mais resiliência e segurança.
Adaptação de Materiais e Métodos de Ensino: Transtornos de aprendizagem exigem ajustes nas estratégias pedagógicas. Métodos multimodais, como vídeos, jogos interativos e material sensorial, são eficazes para engajar e facilitar a compreensão. Ferramentas digitais específicas também podem ser incorporadas para apoiar a autonomia e reduzir a frustração. Essas adequações estão previstas na Lei nº 14.254, de 30 de novembro de 2021, e você, pai ou mãe de uma criança com transtorno de aprendizagem ou TDAH, precisa saber que essa lei já existe.
Fortalecimento de Habilidades Sociais: Muitas crianças com TDAH ou transtornos de aprendizagem enfrentam dificuldades de interação social, o que pode aumentar a ansiedade. Promover atividades que incentivem a colaboração e o trabalho em equipe ajuda a desenvolver habilidades sociais e constrói um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor. Essas crianças sofrem bullying por não conseguirem acompanhar o desempenho dos colegas.
Reforço Positivo e Incentivo ao Progresso: Enfatizar o progresso, em vez do resultado final, ajuda a reduzir a pressão que gera ansiedade. Ao reconhecer o esforço e as melhorias da criança, mesmo que pequenas, ela se sentirá mais motivada e segura, sem o medo constante de falhar. Incentive o esforço do seu filho.
Vamos juntos! Conte comigo neste processo!
Marcele Campos – Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver –