Hoje vou te falar sobre um tema que venho estudando a muito tempo: as crianças e adolescentes com alto funcionamento.
Crianças com habilidades superiores ao esperado para a idade. Já falei aqui sobre estas crianças e adolescentes. O alto funcionamento é pouco falado, mas justamente por isso precisamos abordar este tema.
Estamos fechando setembro, um mês dedicado a saúde mental e a prevenção do suicídio e penso que algumas pessoas com este perfil sofrem bastante por se cobrarem muito e tem maior risco de desenvolverem transtornos como depressão e ansiedade.
Pais de crianças de alto funcionamento, bem como alguns casos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) leve, podem cometer alguns erros comuns, muitas vezes sem perceber. Vou citar aqui 5 deles:
1. Expectativas excessivas ou irreais
Pelo fato de a criança ser capaz de realizar determinadas tarefas cognitivas avançadas ou apresentar comportamentos funcionais, os pais podem esperar que ela se comporte de forma madura em todas as situações. Isso pode gerar frustração tanto para os pais quanto para a criança, que ainda precisa de apoio emocional e social.
2. Ignorar necessidades emocionais e sociais
Crianças de alto funcionamento podem apresentar dificuldades em áreas como habilidades sociais ou regulação emocional, mesmo sendo intelectualmente avançadas. Focar apenas no desempenho acadêmico ou cognitivo pode deixar de lado o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais cruciais para o equilíbrio e bem-estar da criança.
3. Superproteção
Por querer evitar que a criança enfrente frustrações ou dificuldades, alguns pais acabam superprotegendo seus filhos, restringindo a autonomia e a capacidade de lidar com desafios. Isso pode prejudicar o desenvolvimento da resiliência e da independência.
4. Comparações com outras crianças
Comparar a criança de alto funcionamento com outras crianças, seja para destacar seus talentos ou suas dificuldades, pode ser prejudicial. Essas comparações podem gerar insegurança, ansiedade e um sentimento de inadequação, mesmo que a intenção seja motivadora.
5. Não buscar ajuda especializada
Muitos pais acreditam que, por serem “altamente funcionais”, essas crianças não precisam de suporte especializado, como terapia ou acompanhamento psicológico. No entanto, crianças de alto funcionamento também enfrentam desafios específicos que podem ser abordados com apoio profissional, promovendo seu desenvolvimento global.
Esses erros podem ser evitados com compreensão, paciência e busca de orientação especializada, para que a criança possa alcançar seu potencial de forma equilibrada e saudável.
Marcele Campos – Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver.