Moradores falam sobre o antes e depois da cidade que completa hoje 70 anos

Por Carol Macedo

VOLTA REDONDA
O verdadeiro coração de uma cidade reside em seus moradores, nas histórias que eles carregam e nas diversas culturas que compõem o tecido social. Comemorando o aniversário de 70 anos de Volta Redonda, nesta quarta-feira, dia 17, moradores antigos e os mais novos fazem seus relatos pessoais, destacando suas experiências, tradições e a rica diversidade cultural que enriquece a vida urbana.
A equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE ouviu alguns desses protagonistas que falaram da perspectiva sobre as transformações da cidade ao longo dos anos. Entre os entrevistados está o aposentado Brenildo Tavares de Assis, de 80 anos, residente no bairro Aterrado. Nascido em Rio Novo, cidade da Zona da Mata Mineira, ele chegou a Volta Redonda com a família com apenas 13 anos. Por isso, pode acompanhar o desenvolvimento da cidade em todos os setores que, antes era movida apenas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). “Quando era adolescente, por falta de outras oportunidades para jovens, eu trabalhei de engraxate, em bar e quitanda. Já adulto, entrei em uma empresa que comercializava frutas e legumes que buscávamos em São Paulo, onde permaneci até os anos 90. Naquela época, nem jovens e nem idosos tinham oportunidades que têm hoje. Hoje, a situação é bem diferente, principalmente para nós idosos. Podemos destacar a saúde, as diversas atividades para a população da terceira idade. Tudo mudou, mas acho que Volta Redonda mudou para melhor”, contou.

 

Brenildo Tavares tem 80 anos – Foto Divulgação

MUDANÇAS PELA CIDADE
Nascida em Sapucai-RJ, a também aposentada Ilcéa Holanda Ribeiro, de 91 anos, é outra testemunha das inúmeras mudanças da cidade no decorrer dos anos. Disse que, como o transporte púbico era precário, depois do casamento, aos 22 anos, veio para Volta Redonda de trem. Morou em outros três bairros antes de adquirir a casa própria na Sessenta, onde vive até hoje. “Eu era nova e recém-casada, quando tinha que levar comida a pé para o meu marido na CSN. Naquela época, o transporte público era precário. Era uma van velha que levava as pessoas. Muitas vezes os passageiros tinham que descer e empurrar. Hoje, o transporte público pode não estar ótimo, mas em vista daquele tempo, sem comparação”, afirmou. Ela ainda disse que nesses anos a cidade mudou muito e para a melhor.

 

Ilcéa, hoje com 90 anos, chegou a Volta Redonda com 22 – Foto: Divulgação

A professora aposentada, Ana Maria Bentes Brum, de 76 anos, chegou a Volta Redonda com os pais e oito irmãos em fevereiro de 1955. “Aqui a família aumentou um pouco mais, com o nascimento de mais três irmãos. A cidade, naquela época, girava em torno da CSN. Havia um grande sentimento de patriotismo e esperança, com o progresso da siderurgia no Brasil. A cidade do Aço, como ficou nacionalmente conhecida, estava em franco progresso. Era uma cidade pequena com um nível promissor de vida econômica. Cresceu na área da saúde e da educação, principalmente, nos governos iniciais”, lembrou, completando agora que não pode deixar de citar a falta de espaço geográfico para expansão, somado ao problema da poluição da CSN.

Ana Maria é professora aposentada – Foto: Divulgação

CONSTRUÇÃO DE UMA VIDA
O médico ortopedista Rodrigo Valério tem 48 anos e está formado há 21. Ele nasceu em Volta Redonda, estudou no município e a maioria dos locais em que trabalhou foi na sua cidade natal.
Ele conta que nunca pensou em sair de Volta Redonda. “Sempre fui apaixonado pela cidade. Até quando fiz residência optei em ir e voltar todos os dias do Rio de Janeiro. Minha opção em ficar aqui não foi apenas o fato familiar, mas pela cidade também que é relativamente tranquila para viver e eu sabia que teria oportunidades de emprego devido a quantidade de hospitais. Sempre acreditei que construiria minha vida aqui e foi isso mesmo que aconteceu”, lembra o médico que já integrou o quadro de profissionais do Voltaço por 16 anos.

 

O médico ortopedista Rodrigo Valério – Foto: Divulgação

VISÃO DOS JOVENS
Entre as jovens ouvidas está a estudante de Perícia Criminal e Investigação Forense, Laura de Souza, de 23 anos, nascida em Volta Redonda e residente no Aterrado. “Na infância, a cidade era mais bonita e mais segura. Podíamos brincar nas ruas, o que hoje é mais complicado. Em relação se a cidade mudou para melhor ou para pior, vejo que os dois. Pontos positivos: mais facilidade na locomoção, comunicação e acessibilidade. Pontos negativos: cidade menos segura. Dá mais oportunidade para os jovens? Acho que sim, através de programas diversos, como o Jovem Aprendiz, cursos técnicos, mais universidades, entre outros”, opinou.

 

Laura nasceu em Volta Redonda e tem 23 anos – Foto: Divulgação

Os pais de Adriele Alves Lopes Dirceu, de 19 anos, nasceram em Volta Redonda. Ela, em Barra Mansa, mas sempre morou na cidade do Aço. “Quando eu era criança, tinha uma visão heróica e um pouco idealizada sobre Volta Redonda, como se fosse a cidade perfeita do interior do Estado. Desde o 3° ano do fundamental público, comecei a aprender sobre a história de Volta Redonda, a curva hidrográfica, a criação da CSN e dos bairros que se originaram a partir da CSN. Hoje em dia, tenho uma visão mais crítica sobre Volta Redonda porque consigo perceber no aspecto ambiental e o quanto a CSN tem prejudicado a saúde dos moradores. Acredito que a cidade oferece oportunidades para os jovens o tempo inteiro, em relação à lazer e a educação. Sobre trabalho, acredito que há um certo etarismo dos contratantes que acabam preferindo trabalhadores mais jovens”, ressaltou.

Adriele tem hoje 19 anos – Foto: Divulgação

 

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