RESENDE
A Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, em parceria com representantes da sociedade civil, promoveu no último sábado, o Fórum Regional de Superação da Violência, no Colégio Salesiano. Centenas de pessoas participaram do encontro que apresentou o cenário de violência no Sul Fluminense e destacou o aumento dos crimes em Resende, que segundo os participantes da mesa, é considerada a cidade com maior incidência de crimes na região. A abertura dos trabalhos foi feita pelo bispo diocesano, dom Francisco Biasin.
Ele explicou como foi a escolha do tema da Campanha da Fraternidade (CF) de 2018 “Fraternidade e Superação da Violência”, que foi apontado há três anos. O bispo disse ainda que a proposta do fórum fortalece o intuito da CF de ultrapassar os muros da Igreja.
Depois da explanação do bispo, juízes das Varas Criminal e da Infância e da Juventude de Resende, Guilherme Martins Freire e Camila Novaes Lopes, respectivamente, falaram sobre o cenário de conflito na cidade e os projetos que estão sendo desenvolvidos para contribuir na mudança positiva dessa realidade. “Dentro do Tribunal de Justiça nós temos um programa de apadrinhamento, que hoje já é uma política institucional do Poder Judiciário da comarca de Resende e o projeto Oficina de Paz que visa a auxiliar os familiares dos adolescentes que ingressaram no universo do conflito com a lei, para evitar a reiteração do ato”, disse Camila. Ainda de acordo com os juízes, o tráfico de drogas é o principal motivo dos atendimentos no local.
OUTRA MESA
A tarde foi apresentada outra mesa, a mais esperada do dia, com as apresentações do escritor, mestre em Antropologia, doutor em ciência política com pós-doutorado em filosofia política, Luiz Eduardo Soares e o deputado Federal Alessandro Molon (PSB). Também participou dessa mesa o deputado estadual Dr. Julianelli, do mesmo partido.
Luiz Eduardo Soares destacou três principais pontos para a superação da violência: investimento na redução das desigualdades sociais; a revisão do artigo 144 da Constituição, que atribui as funções e responsabilidades dentro da segurança pública; e a revisão da Lei de Drogas no Brasil. “Somos a terceira população carcerária do planeta. Pensar o futuro do Brasil não pode ser uma questão imediatista. Não se pode pensar em superar violência sem tratar a crise que assola o país. Há problemas na legislação das drogas, na estruturação da polícia e na forma em que reconhecemos o valor da vida”, esclareceu.
Já o deputado federal, Alessandro Molon, destacou que é urgente a implantação de um Plano Nacional de Segurança Pública e que esse plano contemple de forma adequada as realidades do Interior. “Um plano com começo, meio e fim. Esse é um debate importantíssimo, pois quando falamos da intervenção federal falamos exatamente disso. Está olhando para a capital e não está melhorando a segurança da capital e, no entanto, não está se olhando para o interior. Houve desde o momento em que foram adotadas as UPPs no Rio de Janeiro uma interiorização da violência: primeiro na região metropolitana e depois no interior do estado, sem que o Estado tivesse qualquer planejamento para evitar isso. Um plano de segurança para o estado do Rio de Janeiro tem que ter um olhar para o interior”, destacou.
PAPO DE RESPONSA
A última mesa do dia foi com o padre Juarez Sampaio, coordenador diocesano de pastoral, ao lado do Beto Chaves, criador e coordenador do Programa “Papo de Responsa” da Polícia Civil. Padre Juarez destacou a importância de movimentos da sociedade com intuito de estabelecer a cultura de paz, como o Resgate da Paz. Já Beto Chaves enfatizou que não existem dois lados que se dividem entre policiais e meninos envolvidos com a violência e que o esforço tem que ser para a preservação da vida de todos.
Os presentes decidiram pela criação de um fórum permanente de superação da violência, onde definiram que a primeira reunião acontecerá no dia 2 de junho, às 15 horas, no salão da Igreja do Rosário, Centro Histórico de Resende.