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Uso excessivo de telas, saúde mental e aprendizagem

Por Carol Macedo

Nos últimos anos, o aumento no uso das telas na vida cotidiana tem levantado preocupações significativas entre pesquisadores e profissionais da saúde. O uso excessivo é um fenômeno relativamente recente, mas os impactos na saúde mental estão se tornando cada vez mais evidentes.

A neuropsicologia tem se debruçado sobre os efeitos das telas no cérebro, e os resultados das pesquisas são alarmantes. Estudos têm mostrado que o uso prolongado de telas pode levar a alterações na estrutura cerebral, especialmente em áreas relacionadas à atenção, memória e controle de impulsos. Por exemplo, uma pesquisa conduzida pela Universidade de Michigan em 2020 descobriu que adolescentes que passam mais de cinco horas por dia em dispositivos digitais apresentam redução na espessura do córtex pré-frontal, crucial para funções executivas e tomada de decisão.

Além disso, o uso de telas está fortemente associado a distúrbios do sono. A exposição à luz azul emitida por esses dispositivos pode interferir na produção de melatonina, um hormônio essencial para a regulação do sono. Outro estudo demonstrou que indivíduos que usam telas antes de dormir têm maior dificuldade para adormecer e menor qualidade de sono, resultando em fadiga e comprometimento cognitivo durante o dia.

Pesquisas indicam que o uso excessivo de redes sociais e jogos eletrônicos pode ativar circuitos de recompensa no cérebro de maneira semelhante ao que ocorre com drogas e álcool, pois a ativação constante do sistema de recompensa pode levar a comportamentos compulsivos e à perda de controle sobre o uso dos dispositivos.

Eu, como profissional de saúde mental, ao longo de anos atendendo crianças e famílias acredito que o bom senso e o uso controlado e monitorado do eletrônico tende a ser o melhor caminho. Não podemos mais viver sem a tecnologia e o mundo virtual, mas precisamos gerir e acompanhar este tempo de permanência de crianças e adolescentes, pois um cérebro em desenvolvimento precisa de estímulos apropriados e que não induzam ao comportamento de dependência. Portanto, é imprescindível que pais, educadores e profissionais da saúde estejam cientes desses riscos e promovam um uso equilibrado e consciente das tecnologias digitais e não se sintam inseguros de abordar estes temas e este diálogo é uma construção constante.

O mundo digital oferece inúmeras vantagens e facilidades, mas o seu uso sem gestão ou monitoramento pode ter consequências profundas na saúde mental e no desenvolvimento cognitivo.

Dicas da neuropsi

Estabelecer limites claros para o tempo de tela; Incentivar atividades físicas e sociais fora do ambiente digital; Promover rotina de sono adequada; Ter tempo de qualidade com os filhos, dando atenção incentivando o diálogo e atividades juntos.

Estas ações contribuem para minimizar os efeitos negativos do uso excessivo de dispositivos eletrônicos.

A conscientização e a adoção de hábitos saudáveis são fundamentais para garantir nossos pequenos e os adolescentes possam aproveitar os benefícios da tecnologia sem comprometer seu bem-estar.

Marcele Campos – Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver – especializada em avaliação e tratamento de pessoas com Transtornos do Neurodesenvolvimento.

 

 

 

 

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