BARRA MANSA
Imagine-se às margens do Rio Paraíba do Sul, testemunhando as memórias entrelaçadas de uma comunidade que cresceu e prosperou ao longo de suas águas. Essa é a proposta da exposição imersiva “Toda História é um Rio” que, por meio de obras interativas, celebra as histórias e memórias de pescadores, lavadeiras e dos moradores do bairro Surubi, em Resende (RJ). A exposição acontece no SESC Barra Mansa nos dias 26, 27 e 29 de agosto. A entrada é gratuita.
O projeto tem o audiovisual expandido como fio condutor da instalação. Ao todo são 5 obras que propõem uma jornada interativa em que o visitante poderá percorrer diferentes espaços que simbolizam e recriam fatos marcantes da criação de um dos bairros mais antigos da cidade de Resende e até mesmo sentar em um banco de praça e contemplar a paisagem do Rio Paraíba do Sul.
“Desejamos promover debates sobre a preservação da memória e dos nossos rios por meio da arte. A partir do momento em que o indivíduo conhece sua história, ele compreende a importância de manter viva sua memória, proteger e valorizar esse conhecimento transmitindo-o para gerações futuras”, ressalta a idealizadora do projeto, Luísa Ritter que ainda lembra a importância do audiovisual como uma ferramenta pedagógica para o resgate da memória de uma comunidade.
Para a criação das obras, foram realizadas mais de 35 entrevistas com moradores e personalidades marcantes da comunidade, como lavadeiras, pescadores e integrantes das primeiras famílias do local.
O projeto expográfico da exposição foi desenvolvido pelo diretor Danilo Nardelli que, a partir de uma proposta de espacialidade na ocupação das galerias de arte, fez provocações a toda equipe de artistas para, coletivamente, criarem a experiência imersiva que propõe o projeto.
Uma das obras é o “Varal das Lavadeiras”, criada pelos artistas Danilo Nardelli e Alexandre Pina, em que todo o espaço expositivo é atravessado por um varal com três toalhas brancas que são utilizadas como tela para projeções de imagens de paisagens contemplativas do Rio Paraíba e de imagens das mãos de moradores realizando ações cotidianas.
Outro destaque é o “Banco de Histórias”, uma instalação que provoca a imaginação e sentimentos quando sentamos em um banco de praça posicionado para a apreciação do “Varal das Lavadeiras”. No banco, três dispositivos de áudios com histórias contadas por moradores do bairro. A obra sonora foi criada pela cientista social Mariana Costa e traz relatos onde o fazer comunitário, a solidariedade, a fé e a organização coletiva revelam a história de uma comunidade que se desenvolveu entendendo a importância da consciência política e do papel do cidadão na sociedade.
No espaço expositivo, o público ainda irá encontrar colagens botânicas que mesclam fotografias antigas dos moradores com elementos botânicos de relevância cultural para os moradores. Intitulada “Colagem de Memórias”, a obra foi desenvolvida pela artista visual Luisa Ritter.
Ainda temos a peça sonora Sons do Surubi, desenvolvida pelo artista bianco, que preenche todo espaço expositivo com uma coletânea de sonoridades. Ao fundo, sempre, o som do rio. Perpassando o ambiente, as sonoridades características percebidas no bairro: os carros que passam, cachorros latindo, a música que toca no rádio, as conversas entre os moradores. Também foram incluídas pequenas frases recolhidas durante as entrevistas com os moradores.
O público ainda irá encontrar uma série de vídeos-depoimentos que foram produzidos em 2021, durante a pandemia do COVID-19 e que se chama Surubi em Cena. Este projeto foi realizado por meio da Lei Municipal Aldir Blanc.
Para a abertura da exposição, ainda será realizada a performance “Memórias d’água” da artista Gold Lua. Dirigida por Danilo Nardelli, a performance traz textos poéticos da própria artista recitados por ela e por moradores do bairro.
O Toda História é um Rio ainda irá circular pelas cidades de Campos dos Goytacazes e Três Rio por meio do edital SESC Pulsar – 2023. O projeto envolve profissionais das mais diversas áreas, desde produtoras culturais, comunicadoras, cientista social, profissionais do audiovisual e do som, diretor de arte, artistas visuais, performers e, claro, aqueles que articulam com o bairro Surubi e fazem tudo acontecer.