SUL FLUMINENSE
Há mais de um ano a pandemia do coronavírus segue assolando o mundo e causando grandes prejuízos. Os setores de comércio, serviços e eventos foram muito afetados. No entanto, com a chegada das vacinas e a tomada de algumas decisões por estados e municípios, o retorno de algumas atividades foi possibilitado, permitido. Mas um setor ainda está longe de ter o seu retorno liberado: o de eventos.
O A VOZ DA CIDADE conversou com o produtor de eventos Miguel Veiga que, assim como muitos outros empresários do ramo está amargando prejuízos desde março de 2020. “Todos os eventos a partir de março de 2020 foram cancelados. No meu caso, por exemplo, alguns deles eu já havia adiantado um sinal aos artistas. Ou seja, perdi tudo. Só na minha empresa foram mais de dez eventos cancelados e muitos outros que já havíamos programado para fazer, deixamos de fazer”, lembrou.
Miguel ainda citou a situação das milhares de pessoas que sobrevivem da prestação de serviço para o setor de eventos. “Só na minha empresa, o prejuízo já passou dos R$ 500 mil. O setor de eventos e entretenimento é um dos setores que mais emprega no Brasil. Um só evento movimenta e dá emprego, mesmo que temporário, para centenas e até milhares de pessoas. São artistas, que têm suas equipes, seguranças, equipe de som e iluminação, decoração, geradores de energia, camarim e camareiros, alimentação e muitas outras áreas ligadas aos eventos. Hoje, muitos desses profissionais estão passando fome e dependendo de favores dos outros para até mesmo ter um prato de comida”, citou o produtor.
Miguel Veiga espera que as autoridades possam pensar numa maneira de, aos poucos, possa permitir a retomada dos eventos. “Temos que achar uma maneira rápida de ajudar o setor, pois parece que ninguém tá nem aí pra o um setor tão importante. Creio que devia começar a liberar aos poucos como estão fazendo com o comércio, bares e restaurantes. Volto a dizer que tem muita gente passando fome e muitas empresas agonizando, sendo que muitas já fecharam as portas. A situação está cada vez mais aterrorizante para os que dependem do setor de eventos. Essa é a realidade, precisamos que alguém também olhe para o nosso setor”, disse Veiga, citando a lotação no transporte coletivo e nas praias.
Miguel critica o impedimento do setor seguir ativo. “As autoridades estão olhando apenas para um lado. Estão proibindo a gente de trabalhar. Mas, por outro lado, não estão enxergando os ônibus lotados por todas as cidades, as praias lotadas e muitas outras aglomerações. Nosso setor está preparado para seguir as regras sanitárias. O que esperamos que os governantes tenham é o bom senso e nos deixem trabalhar. Que eles façam como nos bares e restaurantes imponham limites, que serão respeitados, mas que nos libere o quanto antes para trabalhar e chamar todos que dependem desses eventos de volta”, pediu o empresário.
LEI FEDERAL PODE AJUDAR O SETOR
Para amenizar as perdas do setor, o presidente Jair Bolsonaro decretou esta semana a Lei nº 14.148, que dispõe sobre ações emergenciais e temporárias destinadas ao setor de eventos para compensar os efeitos decorrentes das medidas de combate à pandemia da Covid-19; institui o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) entre outras ações. “O Perse autoriza o Poder Executivo a disponibilizar modalidades de renegociação de dívidas tributárias e não tributárias, incluídas aquelas para com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), nos termos e nas condições previstos na lei nº 13.988, de 14 de abril de 2020. Aplicam-se às transações celebradas no âmbito do Perse o desconto de até 70% sobre o valor total da dívida e o prazo máximo para sua quitação de até 145 meses”, informa.