VOLTA REDONDA
A Prefeitura de Volta Redonda divulgou na última semana, novas medidas de prevenção a Covid-19 através do Decreto 16.586. Uma das deliberações foi a restrição do horário de funcionamento de bares e restaurantes da cidade para às 21h30min, sendo permitido após este horário o funcionamento somente nas modalidades drive-thru e delivery. Visando solicitar a flexibilização dessa determinação, empresários e funcionários da cidade, realizaram uma manifestação pacífica na manhã desta segunda-feira, 8, na Praça Sávio Gama, onde fica o Executivo. A iniciativa contou com mais de 30 pessoas e apoio de populares. As novas medidas entraram em vigor no último domingo, 7.
Desde o início da pandemia o Executivo vem divulgando medidas restritivas para evitar a propagação do novo vírus. Segundo lembraram os manifestantes, no ano passado os estabelecimentos chegaram a ficar fechados mais de 100 dias, o que trouxe um prejuízo imensurável para os empresários da área. Essa é a segunda vez neste ano que os mesmo recorrem à prefeitura para solicitar uma solução para o setor. De acordo com eles, sempre tentando manter algo que seja viável para todos. Em todas as ocasiões eles foram ouvidos.
Antes da edição do decreto os bares, restaurantes e similares poderiam ficar abertos até 00h30min. Segundo um dos empresários, que preferiu não se identificar, com a nova determinação da redução do horário de funcionamento fica insustentável manter o estabelecimento aberto. “Hoje conto com 26 funcionários. Com o horário de antes o prejuízo era menor, mas com essa nova medida não tem como. A restrição do horário faz com que o fluxo de pessoas fique maior. Ao contrário do que acham, que diminuir o horário é a solução, no nosso ponto de vista é algo negativo. A gente entende que pessoas estão morrendo, que existe a necessidade mas, se bares e restaurantes fecharem estamos falando de mais de 30 mil pessoas desempregadas. Além de menos impostos para cidade e, consequentemente, o crescimento de festas clandestinas”, contou.
O empresário reafirmou ainda que o objetivo da flexibilização do horário não seria para aumentar o número de pessoas, mas para conseguir manter o estabelecimento aberto. “Tendo o funcionando até meia noite, com muita dificuldade pagamos as contas. Mas se não for para estender esse horário para que possamos trabalhar, então é melhor fechar porque não tem como pagarmos aluguel e funcionários, sem ter renda. Meu estabelecimento funciona há sete meses e nunca ganhei uma autuação. Sempre seguimos as medidas de prevenção. Estamos aqui hoje para conversar com o prefeito e pedir que olhe por nós”, disse.
CRISE FINANCEIRA
Uma funcionária que também não quis se identificar se emocionou ao relatar que têm quatro filhos e que precisa do trabalho como garçonete para sobreviver. “Eu sou mãe de família, preciso disso. Quando a situação aperta eu preciso recorrer ao meu patrão para pedir leite, fralda e ele ajuda, mas a situação está cada vez mais complicada”, contou.
Ana Chagas tem 44 anos, trabalha há 25 anos com o financeiro desses estabelecimentos e contou que para se manter eles precisam de pelos menos R$ 40 mil por mês. “Acho que tem que manter a fiscalização e as medidas de prevenção. Mas não tem como diminuir o horário. Se isso acontecer, não teremos público. Eu nunca vi uma crise tão grande nesse meio. Esses bares e restaurantes alimentam várias famílias. O vírus está em todos os lugares e não é o horário restrito que vai mudar isso”, disse.
João Carlos Leal de 41 anos, tem uma empresa que trabalha fornecendo serviço de limpeza, portaria e segurança para esses estabelecimentos. Antes, além dos bares e restaurantes, o seu foco era em festas de formatura e serviços para o setor de evento. Ele contou que só no ano passado foram cancelados quase 40 eventos e neste ano adiados 17. Antes da pandemia eram contratados 120 funcionários para as confraternizações, hoje são apenas 15 por semana. Além disso, João contou que precisou adaptar a forma de trabalho para não prejudicar os funcionários. “Precisei me readequar. Trabalho hoje com um rotativo, cada mês um grupo com 15 funcionários por semana para não ficar ninguém sem trabalhar”, disse.
POSIÇÃO DO EXECUTIVO
O A VOZ DA CIDADE entrou em contato com a Prefeitura de Volta Redonda que informou em nota que ficou acertado que nos próximos sete dias serão observados os números da pandemia na cidade para que seja avaliada a permanência das restrições ou não.