BARRA MANSA
A Polícia Civil de Barra Mansa, coordenada pelo delegado titular da 90ª Delegacia de Polícia (DP), Ronaldo Aparecido, realiza hoje uma megaoperação na cidade, com alvos, pelo menos dez, no Paraíso de Cima. Segundo informações a ação começou por volta das 5 horas e conta com 60 policiais, 30 guardas municipais, 30 viaturas, um caminhão e um ônibus. Três pessoas foram apreendidas até o momento.
“Traficantes do bairro estariam intimidando moradoras do condomínio Minha Casa, Minha Vida”, disse a Polícia Civil.
Cerca de 60 moradores estão no Parque Natanael Geremias. Todos irão prestar depoimentos. Segundo eles, têm cinco grávidas e três crianças no local. Eles explicaram que logo pela manhã foram surpreendidos pela ação e foram conduzidos por ônibus até o Parque da Cidade. Eles contaram que foram informados que muitos estariam alugando os imóveis que receberam há pouco mais de um mês, após sorteio da Caixa Econômica Federal. A maioria alega não ter feito negociação e reivindicam uma solução para quem está agindo de forma legal.
Segundo o delegado Ronaldo Aparecido, a operação teve caráter emergencial, em função do crescente número de vítimas registrado nos últimos dias.
“Nosso intuito é resgatar a dignidade dos moradores que foram expulsos de suas casas por traficantes, que estão tentando implementar um sistema semelhante ao ocorrido no bairro Roma, em Volta Redonda, inclusive com a ostentação de armas de fogo. Mas, não conseguirão. Vamos permanecer aqui o tempo que for necessário. Se preciso, ficaremos o ano todo. A prefeitura, o Governo do Estado, as Polícias Civil e Militar, assim como a Guarda Municipal, estão a serviço da população. O tráfico não vai se estabelecer”, afirmou.
O CASO
Segundo apurado pelo A VOZ DA CIDADE, trata-se de uma ação policial de caráter emergencial com atuação de 16 equipes do 5º Departamento de Polícia de Área (DPA), por consequência da continuidade delitiva e o aumento expressivo do número de vítimas nos últimos dias.
Segundo a Polícia Civil, a ação conta com a participação de vários segmentos da Prefeitura Municipal de Barra Mansa (Guarda Municipal, Assistência Social, Conselho Tutelar etc..) e policiais militares do 28º Batalhão de Polícia Militar (BPM).
“Os alvos primários são indivíduos denunciados por vítimas como sendo os executores da ação criminosa e que possuem comprovada vinculação com os integrantes do tráfico de drogas no local, inclusive, corrompendo adolescentes para a participação nos crimes”, disse a Polícia Civil, completando que: “Esses indivíduos, em número de dez, já identificados por informações de vítimas, acaso sejam encontrados no Condomínio Minha Casa, Minha Vida, localizado no bairro Paraíso, serão presos e autuados por crime de associação para o tráfico de drogas. O crime de associação para o tráfico de drogas é crime permanente e viabiliza a autuação em flagrante a qualquer momento”, completou..
A Polícia Civil explicou que o objetivo secundário da operação policial é recuperar o controle de um conjunto habitacional localizado no bairro Paraíso de Cima, cujos apartamentos foram entregues às famílias beneficiadas no dia 18 de dezembro de 2020, onde traficantes ligados a uma facção criminosa, obedecendo ordens do chefe local do tráfico, (preso no sistema prisional do Rio de Janeiro), expulsaram moradores e lhes tomaram os apartamentos, colocando traficantes vinculados ao grupo criminoso para lá permanecerem e fomentarem o tráfico de drogas (com endolação, guarda de drogas e armas, controle visual de todas as ruas de acesso ao local etc).
Após a ação policial o Condomínio será ocupado pela Polícia Militar de forma permanente ou até que ocorra a estabilização total do espaço, sem a presença intimidatória de traficantes e violência contra os beneficiários do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
O responsável pela ordem para as invasões e a expulsão dos moradores, possui vasta ficha criminal e desde a adolescência vem cometendo infrações penais.
AUXÍLIO
Durante a ação, a Subprefeitura auxiliou na retirada de mobiliários e eletrodomésticos das unidades invadidas e na pichação das paredes.
O comandante da Guarda Municipal, Paulo Sérgio Valente, afirmou que uma viatura da corporação será mantida no local em apoio as demais forças de segurança com a finalidade de manter a integridade física dos moradores e fazer valer o cumprimento da lei.
O secretário de Habitação e Interesses Sociais, Alberto Almeida Carneiro, ressaltou que o órgão está agindo na defesa das famílias que foram contempladas com os imóveis do Minha Casa Minha Vida.
“É uma questão social. Essas pessoas enfrentaram dias de chuva e de sol, cumpriram as exigências do programa para terem acesso à casa própria. Nós, da Secretaria e da Prefeitura, vamos defender o direito dessas famílias”.
FAMÍLIAS
Dezenas de famílias e presos estão nesta manhã sendo encaminhados para o Parque da Cidade. Gisele Alves Floriano, de 33 anos, conversou com o A VOZ DA CIDADE se apresentando como representante dos moradores, sendo eleita há cerca de uma semana como sindica do condomínio. “Fomos surpreendidos hoje cedo com a ação. Tem cinco mulheres grávidas aqui, três crianças que os pais não conseguiram deixar com alguém. Aguardamos uma resposta, pois todos estamos com os documentos de seus imóveis e muitos não precisavam estar aqui”, disse Gisele, que também foi encaminhada para prestar declaração.
A maioria dos moradores estão exaltados. “Não tinha necessidade de ter me trazido para cá. Não sou invasora, assim como a maioria que se encontra aqui”, disse.
“Eu não era a sindica quando teve a invasão. Eu estava tentando organizar, pedindo as pessoas que fossem na Caixa legalizar a situação deles. Tenho como provar”, explicou, lembrando que o sorteio é feito pela Caixa, mas que teve muitos moradores que desistiram. “Muitos alugaram. Como eu vou dizer que eles não podem fazer isso?”, questionou, dizendo que está levando a culpa.
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