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Brasileiro priorizará compras e celebrações com o décimo terceiro

Por Idel Pinheiro
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AGULHAS NEGRAS

A pandemia causada pelo novo coronavírus trouxe com ela um cenário de retração econômica e de queda na empregabilidade. Mas ainda assim, grande parte dos brasileiros pretende gastar seu 13º salário com compras e comemorações de fim de ano. É que o aponta a pesquisa da Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), feita em parceria com o instituto Offer Wise Pesquisas e divulgada no fim de novembro. O estudo mostrou que, neste ano, 32% dos trabalhadores pretendem utilizar o 13º salário para comprar presentes e 21% para gastar nas comemorações de Natal e Ano Novo.

O economista e professor das unidades da Estácio em Resende e Volta Redonda, José Valmir Pedro, comenta que esta é uma excelente notícia para o comércio, já que isso movimentará toda uma cadeia. “Para consumir você precisa que o produto seja feito, para que o produto seja feito, as indústrias precisam funcionar, e com elas funcionando aumenta-se o número de empregados, o que aumenta o número de pessoas que passam a ter renda para gastar. É ciclo extremamente positivo para a economia, mas o cuidado é na forma de gastar”, afirma.

Em muitos casos, a expectativa de um recurso extra no fim do ano colabora para o sentimento do autopresente de Natal. “Eu vou gastar comigo mesmo. Tenho dívidas, mas o ano é tão desgastante, tão duro e cruel, ainda mais nessa pandemia. Trabalhei e quero usar comigo, as contas esperam 2021”, comenta a comerciária Ana Lúcia Flores, 28. O mecânico Júnior Almeida, 32, tem menos ímpeto para ir às compras e projeta adequar o abono com dívidas e lazer. “Usar tudo para pagar conta jamais farei, nem cogito. Mas, gosto de quitar alguma dívida pequena, adiantar parcelas de carnês em andamento. O restante uso para compras viagens, passeios. Afinal, é um dinheiro que levei o ano todo para receber”, observa.


Para o economista Valmir Pedro esse cuidado deve ser priorizado pelo trabalhador com o dinheiro do décimo terceiro salário. Ele lembra que os gastos de final de ano devem estar sempre associados ao início do próximo, quando é tempo de contas como IPTU, IPVA, seguro de automóvel, matrícula e material escolar. “O primeiro trimestre é sempre o pior trimestre para todos os consumidores, independentemente da classe social, e é também para o comércio e a indústria. Não podemos nunca esquecer essas contas, ou então o novo ano começará mais difícil. Usar o 13º como reserva para estes gastos é uma opção”, adverte.

QUITAR DÍVIDAS

A principal orientação para os endividados, em especial pelo cartão de crédito e cheque especial, é usar o décimo terceiro salário para quitar a dívida. “Negocie com o banco a redução de juros para o pagamento de forma integral dessa dívida. Não refinancie, pois tanto o cartão como o cheque especial correm juros sobre juros, e se você refinancia em pequenas prestações, pagará um valor muito maior do capital que realmente devia. Liquide esta dívida. Melhor passar um final de ano apertado do que 365 dias com aborrecimentos”, explica.

Com saldo negativo no cartão de crédito a dona de casa Tereza da Silva, 69, já combinou com o marido aposentado reservar parte do recurso para abater valores e evitar a incidência de juros. “A conta subiu muito de outubro ate novembro e queremos dar ao menos metade do valor com entrada e negociar o restante, bloqueando o cartão momentaneamente. Em outros anos o décimo terceiro dele sempre foi usado para compras da ceia, presentes para filhos e netos. A crise afeta todo mundo”, comenta.

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