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Jovem vende panos de prato para conseguir pagar faculdade de Medicina

Por Andre
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Quanto vale seu sonho? Para Fhellipe Cesar de Menezes, de 26 anos, vale todo o sacrifício para conseguir realizá-lo. Natural de Minas Gerais, mudou-se para Brasília há algum tempo com sua mãe – Maria José de Oliveira, 64 anos – e veio para Volta Redonda para estudar. Ele terminou agora o quarto período de Medicina, no UniFOA. Uma mensalidade de R$ 4.720, pois tem um desconto de 40%, que paga com muita dificuldade: vendendo panos de prato confeccionados por sua mãe.

Os panos são produzidos por Maria José de Oliveira, mãe de Fhellipe Cesar – Foto: Arquivo Pessoal

E não é apenas a mensalidade. O jovem precisa se manter, pagar aluguel e outras despesas. Fhellipe diz que faz tudo para ver a felicidade de sua mãe e ela é a pessoa por quem se sacrifica.  “O que queria era sentar despreocupado e estudar, mas não, tenho que caçar meios para me manter, corro atrás. O que me arranca lágrimas de verdade é que não tenho estabilidade e meu sonho pode escorrer pelos meus dedos. Não tenho problema em acordar cedo para vender, percorro a Amaral Peixoto até a Vila Santa Cecília, vendo na Associação dos Aposentados, no Hospital São João Batista, na Unimed”, enumerou.

Ele lembrou que no mês passado recebeu R$ 2.030 de sua mãe, que é costureira e faz roupas infantis para uma loja que possui. O valor não seria suficiente para pagar a faculdade nem com o dinheiro dos panos de prato que conseguiu vender. Pensou até em trancar a faculdade agora no final do ano, continuar vendendo os panos em Volta Redonda e juntar dinheiro para retornar no mês de agosto, mas conseguiu terminar de juntar dinheiro. “Às vezes tiro do aluguel também”, lembrou, contando que mora com um amigo, dividindo apartamento. Ele recebe ainda uma cesta básica, os professores pagam seu almoço e o ajudam como podem.

Fhellipe não tem vergonha em contar isso tudo. Fala com a naturalidade de quem está vencendo a batalha a cada dia. Se preocupa com a dívida que sua mãe assumiu quando ele veio estudar em Volta Redonda em 2018. Apesar de ter conquistado uma bolsa de 40%, a cada rematrícula, sempre no início e meio do ano, precisa desembolsar o valor integral da mensalidade R$ 7.868. “Além do dinheiro que minha mãe me manda por mês, ela ainda precisa pagar a dívida do financiamento que fez para o início dos estudos que está em R$ 1.150”, contou, lembrando que a mensalidade de dezembro será paga, mas terá que juntar para janeiro o valor total do curso.

ESPECIALIZAÇÃO

E falando no curso, o jovem já decidiu em que quer se especializar: Neurocirurgião. Com 30 anos, idade na qual faria a seleção para a área, diz que entende a dificuldade em concorrer – são 100 vagas apenas, mas afirma que não deixará seu sonho de lado. Mesmo que se especialize em pediatria, fará neuro após. “O cérebro é o órgão que tenho interesse em trabalhar. Se conseguir aliar isso a cirurgia ficarei realizado”, contou.


E o que o motivou a ser médico? “O prazer em ajudar o próximo. Sem contar que eu desde muito cedo, sempre falava que seria médico. Era um menino levado, tive alguns problemas de saúde, fui sempre muito bem atendido e a profissão me encantou. Quando tive que escolher o que faria como profissão na adolescência já sabia. Me dediquei. Fiz quatro anos de cursinho, sempre com bolsa, passei em faculdades federais, mas concorri como candidato de baixa renda que sou, porém não pude ser beneficiado porque minha mãe estava com um benefício provisório de R$ 1235 do INSS por motivo de saúde”, explicou, frisando que por R$ 235 não pode se matricular em faculdade federal.

Foi quando fez provas para faculdades particulares e gostou muito do que viu na faculdade de Volta Redonda. O desafio seria se manter, mas resolveu mergulhar de cabeça nesse sonho, ao lado de sua maior incentivadora, sua mãe.

Fhellipe Cesar de Menezes é filho de pais separados. Seu pai também não tem condições de ajudar, está com câncer, é cardiopata e tem Alzheimer.

VENDA DOS PANOS

Para concretizar seu sonho, Fhellipe vende panos de pratos pelas ruas de Volta Redonda – Foto: Arquivo Pessoal


Quem quiser ajudar Fhellipe no sonho de se tornar médico pode procurá-lo para comprar panos de prato. Seu telefone é o (24) 99909-3046. Ele vende o kit – de dois panos – a R$ 25. Os panos são produzidos por sua mãe, na capital, e em Volta Redonda, quando consegue vir por conta de uma carteira do idoso que a dá gratuidade nas passagens. O futuro médico também está com um Instagram, @fhellipepanosdeprato.

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